quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

OS ANOS 60

Paris - 1966 - 1971

Todas as experiências.

E depois é Paris! com toda a carga mítica do imaginário (ainda romântico) e que será para além disso um percurso de mudança e de exigência, dífícil na mudança com a aprendizagem anterior e naturalmente exigente no novo percurso a estabelecer, um caminhar no desconhecido sempre posto em causa.
No Atelier do Mestre André Michel ensinava-se uma pintura e sobretudo um desenho aparentemente clássicos.

 De facto só na aparência, pois que se tratava de aprender a gramática e a sintaxe do bem fazer e fazer bem, cabendo a cada um escrever os seus próprios textos, sempre incitado pelo Mestre a romper barreiras e reencontrar-se a si mesmo.
Então vai-se do desenho de observação demoradamente construido ao desenho de documentação estabelecido rapidamente até à procura da expresividade em anotações em fracções de segundos.
De mesmo se passa naturalmente com a pintura, havendo ainda o incentivo de se encontrarem caminhos diversos na agitada cena artística do Paris de então.
A Paisagem em Vermelho, 1968, Óleo sobre tela, 110 x 60










A Sagração da Primevera, 1967, Óleo sobre contra-placado, 52 x 11o                   Ao Anoitecer, 1968, Óleo sobre tela, 55 x 65





Mozart ou os Teus Sonhos (à direita); Sociedade (à esquerda); Lápis de cor sobre cartolina, 60 x50; 60 x 50



No atelier André Michel, desenhos de observação de naturezas mortas e de paisagens no ano de 1968









Braga - 1963 - 1966


A sedução da "arte"

Numa certa forma de expressionismo o carvão ou o pastel correm rápidos sobre o papel. Pouca preocupação com os detalhes, pretendendo-se captar o ambiente/características do modelo. Terão a primazia  sensações visuais e não tanto a análise "objectiva" das formas. Serão trabalhos que valorizam as impressões em detrimento da realidade. Na cor também (não presente nestas fotografias) e  que seria usada para expressar as impressões recebidas sem ter em conta a sua presença de facto.


A miscelénia das vivências de um ambiente de atelier, pela primeira vez,  mesmo se fechado num conservadorismo então vigente, está com certeza na base da volubilidade das sensações.
Utiliza-se o carvão e o pastel, trabalhado com os dedos, procurando talvez o imediatismo das sensações, físicas também.
É uma proximidade corporal que se expressa.




O Modelo, 1965, Catvão sobre papel, 100 x 80
                 

 Machado, o cão e o António, 1964, Pastel sobre papel, 100 x 72


O Machado, 1964, Pastel sobre papel, 77 x 58





O Machado e  o António eram presenças assíduas, enquanto modelos, no atelier do Mestre Alberto Campos. Do seu miserabilismo ataviado em fatos domingueiros aqui ficam os retratos, mais o do José que por lá também passou.

São ainda retratos, mas tomados ao vivo, o que significa fortemente uma outra dimensão de expressão plástica e um conjunto de novas condicionantes.

A mudança é flagrante, se comparados com os retratos em baixo, mais o situado à esquerda e que provavelmente é copia de uma fografia. Já o situado à direita parece anunciar o que se virá a passar.




Sem Título,1963, làpis sobre papel, 29 x 21                                                   Sem Título, 1963, lápis sobre papel, 29 x 21